quinta-feira, 12 de abril de 2012

Compreender as fases do Desenvolvimento Motor das crianças e adolescentes para o despertar de potencialidades


    Quando o assunto é o desenvolvimento de uma criança e adolescente, torna-se pertinente aos professores de Educação Física e Desporto conhecerem as suas fases constitutivas, para lhes fornecer corretos estímulos. As crianças são, quanto ao seu desenvolvimento, imaturas e, por isso, é necessário estruturar experiências motoras significativas apropriadas para seus níveis de desenvolvimento particulares (GALLAHUE, 2003, p. 63). 
Dessa forma, podemos dividir as fases e estágios do desenvolvimento motor da criança e adolescente em seis estágios, segundo Gallahue (2003): 

Fase motora reflexa: os primeiros movimentos que o feto faz são reflexos. Os reflexos são movimentos involuntários, controlados subcorticalmente, que formam a base para as fases do desenvolvimento motor. A partir da atividade reflexa, o bebé obtém informações sobre o ambiente imediato. As reações do bebé ao toque, sons e alteração de pressão provocam atividades motoras involuntárias.

Fase de movimentos rudimentares: As primeiras formas de movimentos voluntários são os movimentos rudimentares, observados nos bebés até aproximadamente os 2 anos de idade. São movimentos básicos que garantem a sobrevivência da criança, como controlar a cabeça, o pescoço e a musculatura do tronco, assim como tarefas manipulativas de agarrar, soltar e alcançar. Também é característica dessa fase os movimentos locomotores como arrastar-se, gatinhar e caminhar.

Fase de movimentos fundamentais: Aparecem na primeira infância (3 a 6 anos, aproximadamente) e são consequência da fase de movimentos rudimentares do período neonatal. Esta fase do desenvolvimento motor representa um período no qual as crianças pequenas estão ativamente envolvidas na exploração e na experimentação das capacidades motoras dos seus corpos. É um período para descobrir uma variedade de movimentos estabilizadores, locomotores e manipulativos. As crianças estão a aprender, nessa fase, a responder os estímulos com competência e controlo motor. Atividades a serem trabalhadas nessa faixa etária: Atividades de manipulação (arremessar e apanhar), estabilizadoras (andar com firmeza e o equilíbrio em um pé só) e locomotoras (correr e pular).

Fase de movimentos especializados: Ocorre por volta dos 7 aos 10 anos. Nessa etapa, os movimentos fundamentais, já em um estágio maduro, auxiliam no desenvolvimento de atividades motoras complexas, como em aulas desportivas. As habilidades estabilizadoras, locomotoras e manipulativas fundamentais são refinadas, combinadas e elaboradas para uso em situações crescentemente exigentes. O movimento fundamental de pular ou saltar com um pé só podem ser aplicados, agora, em atividades como pular corda ou  triplo salto no atletismo.
O objetivo dos pais, professores e treinadores, nesse estágio, deve ser o de ajudar as crianças a aumentar o controlo motor e a competência motora em inúmeras atividades. Deve-se tomar cuidado para que a criança não restrinja seu envolvimento em certas atividades, especializando-se em outras. Um enfoque restrito das habilidades, neste estágio, provavelmente provocará efeitos indesejáveis nos últimos dois estágios da fase de movimentos especializados (GALLAHUE, 2003, p.62).

Estágio de aplicação: Aproximadamente dos 11 aos 13 anos, ocorre a sofisticação cognitiva crescente capaz de tomar numerosas decisões de aprendizado e de participação baseadas em muitos fatores da tarefa, individuais e ambientais. Por exemplo: um indivíduo de 12 anos com 1,80m de altura e que goste de trabalho em equipa escolhe por jogar basquetebol, por exemplo. Caso esse indivíduo não goste de estratégias e jogo coletivo, pode escolher uma modalidade do atletismo. Nesse estágio, portanto, os indivíduos começam a buscar ou a evitar a participação em atividades específicas. Há um ênfase crescente na forma, habilidade, precisão e nos aspectos quantitativos do desempenho motor. Esta é a época propícia para refinar e usar habilidades mais complexas em jogos avançados, atividades de liderança e em desportos escolhidos.

Estágio de utilização permanente: A fase especializada do desenvolvimento motor começa por volta dos 14 anos de idade e continua por toda a vida adulta. É o auge do processo de desenvolvimento motor e é caracterizado pelo uso do repertório de movimentos adquiridos pelo indivíduo por toda a vida. Interesses, competências e escolhas feitas durante a fase anterior são adquiridos e, mais tarde, refinados e aplicados a atividades quotidianas, recreativas e desportivas ao longo da vida. Factores como tempo, dinheiro, equipamentos e instalações disponíveis, assim como limitações físicas e mentais afetam este estágio. O nível de participação de um indivíduo em certas atividades dependerá de talento, oportunidades, condições físicas e motivação pessoal.

Cada estágio é sensível a determinados estímulos e o desenvolvimento do indivíduo é multilateral. Sendo o professor de Educação Física e Desporto responsável por proporcionar vivências motoras, sociais, afetivas e cognitivas às crianças, compreender as fases supracitadas e considerá-las na montagem das aulas ou treinos significa não negligenciar o desenvolvimento, possibilitando o emergir de talentos e potencialidades.

Referências bibliográficas

GALLAHUE, D. L. Compreendendo o desenvolvimento motor: bebés, crianças, adolescentes e adultos. Tradução de Maria Aparecida da Silva Pereira Araújo, Juliana Medeiros Ribeiro, Juliana Pinheiro Souza e Silva. 3° Ed. São Paulo: Phorte, 2005.

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